quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cuíca Poste



Como já escrevi ontem e as duas últimas postagens não foram nem positivas nem negativas, vou fazer aqui uma postagem rápida, até para não caducar a reportagem.

O tema é interessante: uma conhecida marca de tintas criou um projeto de pintura de fachadas para alguns pontos da cidade. Neste caso, sob a supervisão do arquiteto Bruno Padovano, de quem fui aluno na FAUUSP, o Bixiga foi escolhido.

Achei bacana a iniciativa, boa para todo mundo. Chama atenção para o bairro, comércio e afins. É uma jogada de marketing interessante para a marca. É bom para os moradores, que dão um "tapa" na casa sem gastar um tostão.

São imóveis de pouco valor arquitetônico que acabam valorizados como um conjunto. Me lembra aquelas cidades mexicanas - nas quais nunca estive - ou algumas cidades de interior, como Santana do Parnaíba. No Pelourinho - no qual só fui à noite - houve uma ação semelhante.

Vejam as fotos aqui.

Alguém já usou uma roupa azul mergulho com detalhes em bala de cereja? Espero que não...

ps: se esse blog vingar, podiam me pagar alguma coisa, porque o que tem de propaganda gratuita aqui... Por outro lado, acho que o que é bom deve ser ressaltado, assim como criticado o ruim. Não sou a Globo para entrar na casa do sujeito e sair virando rótulos para não aparecerem na reportagem.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Espaço K

Os problemas de trânsito serão assunto recorrente neste blog. Considero um dos maiores problemas da Cidade de São Paulo. Difícil de resolver, difícil de esquecer. Faz parte do dia a dia de praticamente toda a população da cidade.

Eu não gosto do Ford Ka. Acho um carro ruim. É fraco, mal acabado, feio. Mas, de fato, é um dos únicos carros projetados com inteligência.

Primeiramente, é um carro pequeno, adequado para quatro pessoas, para o dia a dia. O automóvel foi criado com uma expectativa diferente do que vemos hoje. Se o Sr. Ford esperasse que todos tivessem seu veículo, certamente teria criado um veículo individual.

O conceito do carro visa algo como um carro por família, o motorista e quatro passageiros, porta malas grande etc. O mercado de carros para a família sempre existirá, mas a maioria dos veículos transporta de uma a duas pessoas.

Segundo: tem baixo consumo. O Ka é um carro econômico. Atende bem a essa necessidade. Nos EUA, o governo está subsidiando as revendedoras para que dêem 4500 doletas aos donos de carros velhos beberrões o troquem por um novo, menor e mais econômico. Sem comparações, apenas demonstro que até a Meca do automóvel já entendeu o recado. E lá a gasolina é mais barata que aqui.

Terceiro: facilmente manobrável. Até por ser desenhado com os eixos o mais afastado possível entre si, é um carro com boa desenvoltura. É arredondado nas pontas. Facilita manobras e principalmente balizas.

Quarto: o preço. Pode ser uma boa opção para uma família de baixa renda substituir aquela Belina 73 verde, gastona, barulhenta e grande. Afinal, pode ser o sonho de consumo ter um carro pequeno, mas quantos podem ter um Mini Cooper (R$ 92,5 mil)?

Reitero, não gosto do Ford Ka. Mas não se pode ignorar que alguns preceitos de projeto deveriam ser copiados em veículos novos. Acho que um grande problema é o motor fraquíssimo. Convenhamos, São Paulo não é exatamente plana! Um motor melhor agilizaria o desempenho, diminuindo o consumo – quando se força um motor 1.0, acaba-se gastando mais que um 1.6 - em certos casos.

Acabou-se a era das banheiras beberronas. Alguns carros bem pequenos já apareceram no mercado como boa opção. Mas ainda acho que está para vir um sucesso de vendas para duas pessoas que atenderá a maior parte dos usuários do dia a dia. Ainda pretendo voltar a essa questão do espaço.

A verdade é que, por hora, é o que temos. Ao menos, hoje eu pude usufruir disso. Na mesma rua lotada que eu estaciono nas raras vezes em que venho de carro, só sobram espaços rejeitados pelos motoristas de carros grandes. Hoje, nem os Pálios e Corsas se engraçariam com a “minha vaga”. O Espaço K estava lá me esperando. Talvez houvesse um Mini Cooper, se fosse 67,5 mil reais mais barato.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Otimismos Brasileiros*

*postagem chata; vá direto ao destaque no final do texto se estiver sem paciência para ler os dilemas existenciais deste blog.

Quando me deparo com esses escândalos políticos, tenho dificuldade em projetar um futuro mais interessante para o Brasil. Chega a ser engraçado que as notícias do Senado sejam sobre escândalos e não sobre votações e leis. Esse conjunto da obra que se apresenta nas páginas dos jornais destinadas a política há tanto tempo me tira qualquer perspectiva otimista de alguma mudança. Sei que não sou o único, mas quando era perguntado sobre o tema, sempre respondia de forma descrente, o que me valia o rótulo de pessimista.

Há uma mentira e uma verdade nessa afirmação. Sou absolutamente descrente em relação ao futuro brasileiro a curto prazo, ao menos enquanto esse enorme conjunto de defeitos crônicos - tão exposto nesses dias atuais - imperar em nossos governantes. Mas a minha natureza não é de forma alguma pessimista. Prefiro me achar otimista. E realista.

A definição de otimista não poderia ser mais simples: é o pensamento positivo, ainda que surgido numa situação adversa. O otimista é a pessoa que busca soluções, que tenta enxergar as possibilidades. Paulo Francis dizia que todo otimista é um mal informado. Esse é um comportamento tipicamente pessimista, descrente. Ser realista é necessário para que o otimista não seja um mero sonhador.

Essa longa introdução serve apenas para definir melhor a intenção do blog Viva São Paulo. Tento aqui alternar postagens positivas e negativas. Tento não ser pessimista em nenhuma postagem, ainda que busque sempre ser realista. Difícil fechar os olhos para as duras realidades de nossa cidade. Prefiro dizer que as negativas são de fato críticas construtivas. Não viso agredir ninguém.

Busco apontar o lado bonito e interessante de São Paulo. Sei que muita gente simplesmente não consegue vê-lo, e espero ajudar a destacar o que temos de bom. E antes que alguma baixinha irritada diga lá do Ipiranga que eu só falo da Vila Madalena, devo dizer que as limitações do blog são as minhas próprias, e eu falarei de que conheço, dos lugares aonde já fui. Sugestões são bem vindas. Assim como textos interessantes.

Pessimismo é dizer que uma andorinha não faz verão. É, pelo menos, bastante cômodo. Deixe seu traseiro confortavelmente espalhado na poltrona, jogue a responsabilidade pelas suas ações para os outros e certamente tudo continuará igual. Ou pior.

Destaque no final do texto

Por último, destaco o site www.hnheadlines.com, criado por um garoto estadunidense de 12 anos. Conforme destacou o portal Terra em uma matéria, o menino criou o site para relacionar apenas notícias positivas, e tem 5 mil acessos diários (aproximadamente 1,7 mil vezes mais que este blog e seus três leitores fiéis). Eu quase não assisto jornais na TV por não gostar das intermináveis seqüências de tragédia diárias; prefiro escolher o que ler na internet. Mas fica aqui a dica de uma iniciativa bastante positiva. Espero que alguém no Brasil adote essa idéia.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Festa na Havaí

Um dia desses fui parar meio que por acaso numa festa na rua Havaí. A noite começou num programa tipicamente paulistano: encontrei-me com amigos da FAU no Conjunto Nacional, aonde fica a maravilhosa livraria Cultura. Para quem nunca visitou, faço questão de fugir do texto para comentar a respeito. Fui conhecer a loja gigante com um atraso considerável, no mínimo embaraçoso para quem se propõe a escrever sobre a cidade de São Paulo, e fiquei alucinado.

O espaço é enorme, a quantidade de títulos é assustadora, mas o bacana são os extras, como o teatro, o café e à possibilidade de você ficar a vontade lendo um livro deitado num pufe. Como crítica, achei o local muito barulhento, justificável por ser um espaço aberto. Enfim, vale a pena passar por lá. E foi o que fizemos nesse dia, mas a intenção não era ficar, e descemos em direção aos Jardins para mais um clássico paulistano.

A Lanchonete da Cidade estava abarrotada, com grande fila de espera. Eu tenho a seguinte opinião: se você vai da zona Oeste até a Serra da Cantareira porque quer jantar no Velhão, uma hora de espera pode ser suportável; no meio dos Jardins, com tantas opções, ande 20 metros e seja feliz! Fomos até o Achapa, na Melo Alves, que eu não conhecia. Não se tornou minha predileta, mas serviu muito bem ao propósito daquela noite. Ainda na lanchonete fui informado da tal festa no Sumaré, de um amigo de uma das meninas, que era bailarino, artista e parkour... e que a festa era tradicional, ficava num local diferente etc. Pouco depois, rumava para lá, sem saber exatamente aonde estava me metendo.

A festa acontecia num trecho sem saída da rua Havaí. A casa, uma das últimas, estava toda aberta, as portas eram funis de gente, entrando e saindo para buscar cervejas ou para dançar. Até aí, nada demais, não fosse uma particularidade: a rua se interrompe num barranco aonde há uma praça e um escadão desce acompanhando a encosta. A festa se estendia para o platô mais alto, de onde se tem uma vista panorâmica incrível de todo o vale da Vila Pompéia. Devo ter perdido (ganho, na verdade) alguns bons minutos da festa apreciando a vista. Ainda que muito escuro, devido à quantidade de árvores que surgem, o vale é muito bonito. As pessoas tomavam o final da rua, que era um prolongamento à céu aberto da festa . Não notei nenhum vizinho reclamando (se é que não estavam por lá requebrando os quadris).

A casa do aniversariante era pequena e antiga. A sala estava tomada de pessoas que dançavam sem se importar com a seleção de músicas em tempo real do DJ I-Pod. O público era bastante diversificado e se viu de tudo por lá. Encontrei alguns rostos conhecidos e amigos, conheci pessoas interessantes. Dispensei minha carona para ficar mais um pouco, e acabei indo embora só no final da festa, passando tranquilamente por um hiato no fornecimento de bebida que esvaziou um pouco a casa, no meio da madrugada.

Mas o mais bacana foi a sensação de estar numa daquelas festas que a gente só vê em filmes. Num local improvável, com uma vista maravilhosa, com pessoas na rua, com gente bonita dançando, bebendo e conversando. Amigos e agregados, muita gente ficou sabendo no boca a boca. Nem todos conheciam o aniversariante, contando comigo, mas ele fazia questão de cumprimentar e deixar todos a vontade. Os convidados levavam as bebidas, e até aonde teve bebidas, houve convidados.

Sai de lá com a sensação que a São Paulo alternativa, que não aparece nos sites de baladas e nas colunas sociais, longe de ser engolida pelo politicamente correto insuportável desses dias atuais, está mais forte do que nunca. E numa festa como essa, se misturou um pouco do sossego e da tolerância à moda antiga de um bairro tradicional com a alegria das festas GLS, que muita gente gosta de rotular de moderninhas. São Paulo não é apenas o óbvio dos negócios, das avenidas entupidas de carros, da massa disforme de edifícios, da violência nas periferias extensas. Às vezes, ao lado de uma dessas avenidas, você encontra um lugar surpreendente. E se der sorte, algo mais surpreendente pode estar acontecendo por lá.

Esse post ficou com cara de diário pessoal, mezzo merchan, mezzo coluna social, mas é mais um dos tantos retratos do cotidiano incrível que temos em São Paulo. Mas nada impede que você gaste sua noite de sábado vendo a reprise do último capítulo da novela, casamentos, o assassino descoberto, inimigos reatando antigas amizades, essas novidades todas...